terça-feira, 28 de abril de 2009

Tarde de sábado.

Foi tudo tão rápido que nem pude acreditar, ou me precaver, quando me dei conta, já estava embevecida. Não é segredo pra ninguém que sou mais dada aos versos, mas tentarei a prosa para explicar o que aconteceu naquela tarde de sábado. Estava à toa no ônibus (seeeeeeeempre ele me rendendo crônicas), vagando a mente bem longe (férias em minas, mais precisamente), indo pra casa, aquele calor úmido que só nosso litoral nos proporciona, recostada no banco, vendo a avenida correr pela janela, "pegando" molemente alguns fragmentos de conversas que entravam e saíam pelos ouvidos, oriundos das pessoas do ônibus, quando ouço ao longe uma vozinha, infantil, mínima, a cantar: "como Zaqueeeeeeeeeeeu, quero subiiiiiiiiiiiiiiiiiir, o mais alllllllllto, que eu pudeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeer". Aos poucos, notei que as pessoas estavam fazendo silêncio também. Todos concentrados no pequeno anjo de cachos que cantava timidamente no primeiro banco. Não devia ter mais do que 5 anos, e muitos cachos lhe caíam sobre o rosto, rosto este, com olhar maroto de menina esperta, anjinho a brilhar na Terra. Ganhando voz na mudez alheia, ela agora já gritava a plenos pulmões, a letra de tal canção gospel. Pude notar, embora embebida na voz do anjo, que as pessoas acompanhavam com risos nos lábios, risos de satisfação, e lágrimas nos olhos. Notava-se que a satifação escapava-nos ao olhar, sublimavamos, como o anjo de vozinha afinada, que a esta altura já berrava a letra do cântico. Pude notar ainda que o pai da menina a acompanhava com uma imensa ternura, e que a menina não cantava para nenhum de nós, cantava olhando pra frente, pro vidro do motorista, balançando seu corpinho pra direita e pra esquerda, ensaiando mudas palmas, com as mãozinhas. Deixei a mansidão daquela voz adentrar meu coração, deixei a luz das palavras possuírem meu espírito, repousei meu ser em Deus, onde tenho certeza, estavam todos os presentes naquele ônibus. Desci no mesmo ponto da menina cantora, e enquanto ela passava pelo corredor, rumo à porta, ouvi as pessoas comentarem: mas que linda! Que anjo! Deus conserve este dom! Deus abençoe! A menina continuava com o mesmo olhar maroto, de menina sapeca, esperta, inteligente, viva, e todos nós, transeuntes no caminho da vida, íamos embora pra casa, cheios da graça divina, transmitida pela voz do anjo. Pode parecer um tanto quanto exagerada esta crônica, mas 15 dias se passaram, e este ocorrido povoa minha mente, como se tivesse acontecido hoje, e só me sinto em paz agora, porque escrevi uma crônica prum anjo cantor, que numa tarde comum de sábado trouxe paz ao meu coração.

domingo, 26 de abril de 2009

Mutação



Tristeza no mundo
A solidão me dói
Me quebra,
Me isola
Me arrasta daqui
Já não suporto mais esse lugar
O mundo me satura
A felicidade alheia me consome
Ouço ao longe barulhos esparsos
Fragmentos de conversas
Que não quero participar
O mundo é barulhento
E eu necessito de silencio
Por favor, leiam as entrelinhas
Socorram minha alma semimorta
Necessito atenção
Palavras já não me definem
Gestos já não me completam
Sensações não são mais lagrimas em mim
Só o silencio me entende
Só o vazio me define
O grito já não sai mais da garganta
E há tempo que a tristeza mora aqui
Ninguém vê minhas trevas
Ninguém ouve minha mudez
Queria entender essa mutação
Que fere, destrói e mata
O meu frágil ser...


"E eu nem sei porque me sinto assim... vem de repente um anjo triste perto de mim..."




terça-feira, 21 de abril de 2009

Ode à Embreagem

Se te solto devagar, corro o risco de trepidar.
Se depressa te largo, deixas morrer o motor
Não engata minha marcha, se com receio lhe seguro
Oh embreagem, o que queres de mim?
Seguro-te firme, e me dói a mão,
A moto avança, arranca, com um salto
És inversamente proporcional ao acelerador
Qual dinâmica ambos possuem
Que enquanto um diminui, o outro aumenta?
Oh embreagem, o que queres de mim?
Pois o que quero de ti é distância!


Poeminha besta pra lembrar que devo passar no exame de moto amanhã, e que depois disso, embreagem de moto nunca mais! Honda Biz, porra!!! ahauahuahuaauhauahuahuahauahuahauhauahuahauhauahuahauahuaha

domingo, 19 de abril de 2009

Sem Titulo ou Poema Mudo


Na lama

Pobres ratos alucinados
A correrem magros e rotos
Desde os mais limpos gramados
Até os mais imundos esgotos

São a corja da corja da sociedade
Um mundo podre e irreal
Tão real quanto a maldade
Do resto do resto de um animal

Um fétido animal grosseiro
Putrefato em seus anseios
O sujo do sujo de um banheiro
O excremento do mundo a que veio

São eles a lama do limo
O lixo esquecido de recolher
A sujeira dos animais que não estimo
São as almas dos homens a enegrecer.




"Amanhã é outro dia, não é?"


sexta-feira, 10 de abril de 2009

Anoitecer



Anoitece. Tudo fica escuro em minha volta, é uma noite sem lua. Sem estrelas. Sem nada. Mas é noite, e fria. Fibras que se unem, intransponíveis e negras. Noite. Badalo mórbido que soa no peito. A falta dolorosa de algo que se perdeu no espaço. O tempo minguando, como areia em ampulheta. Me afino e passo como os grãos, pelo buraco dos vidros. Sou o tempo, sou o hoje e sou o agora, e necessito de um amanhã. Algo além do nascer do sol. Mais que raios interpolados trazendo luz. Necessito de vida, necessito de dia. Mas hoje eu sou, e sou noite, e tudo ao meu redor é trevas, e temo, que o nascer do sol esteja longe, que ainda haja muita escurião pela frente. Temo que o amanhã seja tão escuro quanto hoje. Temo o chão de incertezas onde piso, e o céu de dúvidas que contemplo. Temo que a vida passe demasiadamente rápida, sem que eu possa perceber as flores do meu caminho, pois as ervas daninhas estão vindo antes no meu jardim. Temo que não haja nada atrás do arco-íris, pra onde corro desesperada e sofregamente. Temo que além do véu não haja nada além de vozes. Gritos e sussuros de agonia que se calam e se conformam. Temo que a noite se torne tão insuportavelmente pesada, que eu me amasse, e me perca, que eu vire pó, na estrada, que gruda nas sandálias de muitos. Temo que a noite seja assustadoramente impenetrante, que eu, na ânsia de vencê-la, me perca de meu anjo. Temo perder ainda minhas "linhas-guia", minhas referências, minhas marcas, essência do que fui, do que sou, e do que serei, se conseguir chegar ao nascer do sol. Vejo fendas no chão à minha volta. É o mundo que me isola, que me cerca de mim.
Temo ser tão cruel quanto esta noite que parece perdurar por décadas e que temo não ter fim.


"Só eu sei as esquinas por que passei..."

domingo, 5 de abril de 2009

Only you ;)

Por você

Faz acontecer
E eu juro não ser em vão
Prometo te dar a maior felicidade,
Mas faz acontecer
E se acontecer
Algo além de amizade
Verás que escolhestes
Muito bem,
Obrigada
Pois sou perfeita pra ti
Eu sinto a tua falta
Eu anseio tua atenção
Eu quero teu calor
E a tua proteção
Aninhar-me no teu colo maroto
Sentir teu corpo de garoto
E ouvir teu coração bater junto ao meu
Um pedaço teu já está em mim
E eu queria estar em ti,
Mas temo não estar
Tenho sede de você
Quero degustar-te como a um vinho
Apreciar-te aos sons das cordas
Das guitarras dos anjos metaleiros
Que em “reefs” ao luar tocam solitários
A angústia de ser e sentir
Fagulhas de emoções mal controladas
Num coração que arde em chamas incontidas
De sentimentos puros
Por você...


aham ;)