sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Saudade Grande

1 ano.

Saudade Grande

Teu sorriso era como algodão doce
Que alegra o dia de repente
Como se o riso remédio fosse
Felicidade era te ver contente.

Teu abraço era quentinho
Onde eu sempre me aconchegava
Tal qual pássaro retornando ao ninho
Era o teu colo que me acalmava.

Tua presença era o meu farol
A guiar-me os passos incertos
Irradiando luz, meu primeiro sol
Onde eu sempre queria estar perto

Hoje tenho somente a lembrança
De como era bom te ter aqui
A dor aperta, desesperança
Saudade de tudo, saudade de ti

Te amo, vó.


"Enquanto a chuva molha meu rosto, ela esconde a minha lágrima que insiste em encontrar o chão. Enquanto o frio toma meu corpo, eu aprendi sem a gramática, que saudade não tem tradução."

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Adeus Agora

Apenas.

Adeus Agora

Tic, tac, corre o tempo
Tic, tac, mais um mês
Tic, tac, desalento
É você, outra vez.

Vens como a madrugada sorrateira
Tua presença, teu ar, teu eu
A relembrar a hora derradeira
Em que pude chamar-te meu.

E os dias passam voando
Com o peito a bater descompassado
Água-de-lágrima escoando
Dum amor que não é passado

Tic, tac, triste intento
Tic, tac, doce amargor
Tic, tac, vai com o vento
Tic, tac, adeus amor.




"We could've had it all... rolling in the deep. You had my heart inside of your hand and you played it to the beat."

domingo, 25 de agosto de 2013

Inócua

Inócua

Transparente
Indiferente
Inexistente
Inconsciente

Era assim que eu me sentia
Quando na rua eu vivia
Dia e noite, noite e dia
Sem ao menos ser notada.

Achava que eu era toda errada
Que vivia assim, desbotada,
Sem cor, sem brilho, sem nada
Porque eu era indigente.

Meu passado intransigente
Me pegou assim, tão de repente
Que eu, tão tola, finalmente
Fiquei à mercê da sorte, largada

Perambulando pela estrada
Uma vida desgraçada
Pé sujo, roupa rasgada
Rezando e esperando pelo fim

Mas não veio tão depressa assim
Num borrão pintado com nanquim
Vejo o algoz que sorri para mim
E logo vem a violência

Anos de rua, virando inconsciência
Palavras afiadas, socos, dormência
Revelam a verdadeira aparência
Da existência sofrida, sem mãe, sem pai.


E meu sangue se esvai
Vida que vem e que vai, que vai
É o fim da linha, é a dor que sai
E meu corpo inerte, na pedra fria.

Agonia
Sentia
Vivia
Morria.





"E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego."

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Há pouco menos de 1 mês eu vi uma briga de rua. Não dessas cheias de socos e pontapés, entre pessoas que se estranham no trânsito. Não dessas entre crianças que se desentendem durante a aula e vão se acertar na saída. Era uma briga cheia de incoerências e injustiças, onde 3 pessoas atacavam uma 4ª pessoa, claramente em estado alterado.Tudo começou numa discussão entre 2 pessoas, cuja centelha eu não presenciei, mas eu estava lá durante o desenrolar do bate-boca. Um homem e uma mulher, ao que outra mulher tomou as dores do homem, e ainda neste ponto estávamos apenas com gritos e xingamentos, quando então um outro homem veio e empurrou a mulher que brigava primeiro, com força, e esta bateu a cabeça no chão e perdeu os sentidos. Sei que pode parecer demasiada, mas a sensação que eu tive, do ponto tão próximo onde eu estava, dentro do ônibus fechado e acompanhando a cena por mais de 3 minutos, foi de que ela perdeu a vida. Não sei se isso realmente aconteceu, provavelmente não, mas só sei que no segundo em que a cabeça daquela senhora moradora de rua encontrou o asfalto, eu encontrei também dentro de mim uma compaixão tremenda, que implorava para que ela não morresse. E perdi a capacidade de reação. No ônibus, todos perderam o fôlego, e ninguém conseguiu encontrar coragem para levantar e ir lá ver o que tinha acontecido. Eu não consegui.
Desde então estas cenas permeiam meus pensamentos e pesadelos. Frequentemente reencontro estes 4 personagens em minha mente, e todas as vezes, todas as benditas vezes, eu imploro pela vida dela. Não porque eu a conheço. Nem mesmo pelo desespero que eu sei que vou sentir quando as cenas se dissiparem. Não é por mim, é por ela. É porque eu me recuso a acreditar que a vida valha tão pouco, que temos motivos tão banais para tirar a vida de alguém ou até mesmo para agredir este alguém. E é também porque eu me recuso a aceitar que isso seja tão corriqueiro, e até mesmo banal. Eu me recuso a acreditar que nós nos acostumamos com a violência. Eu não aceito. Eu não me acostumo. E não quero acreditar que existem pessoas no mundo que já estão com o coração tão endurecido a ponto de querer achar justificativas. A vida vale mais. Nós valemos mais. Todos nós.

sábado, 16 de março de 2013

Auto(des)conhecimento


"I used do think you were the best thing that ever happened to me, but now I think you might maybe be worst thing, and I'm sorry that I ever met you." (Tiffany Maxwell, Silver Linings Playbook)



Auto(des)conhecimento

Muitas vezes caminhamos nas sombras
Porque recusamos a companhia das estrelas.
É como fechar os olhos para tentar esquecer
E só então perceber que não é na visão que mora o perigo.
Quantas vezes calamos a voz, emudecemos
Sem notarmos que o grito maior não vem da garganta.
Não é a ferida que dói,
Não é o corte que sangra,
Tampouco é o corpo que apanha:
É a alma que sofre
É o coração que se dilacera
É o sentimento que transborda.
É a mente indo mais e mais fundo a cada dia
Cavando um buraco infinito
Sólido, inalcançável, intransponível.
É o quebra-cabeças de mim,
Que sabe que jamais vai estar completo.
É o meu eu transparente, puro cristal
Que jaz imóvel e em pedaços na pedra dura e fria do agora.




"It's a secret that no one tells: one day is heaven, one day is hell."

quarta-feira, 13 de março de 2013

Poema do Desapego

fake (?)
Poema do Desapego

E quando eu te vi pela primeira vez
Foi como olhar a um espelho
E nele encontrar tudo o que eu sempre escondi.
E de repente eu me descobri
Encarando as horas nuas
Enfrentando as horas tuas
Na ânsia de te ter aqui
E você tão distante de mim.
E eu mergulhei no desespero
Nadei pelo mar de teus olhos de mistérios
Tentei desvendar os segredos de sua estrada
E me entreguei vendida, apaixonada,
Com o coração aberto, a ti.
Sentimentos desnudos
Agora cobertos de entrelinhas
E é como caminhar sozinha
Por uma linha que não chega até você.
Muitas vezes, para se encontrar
É preciso se perder.
E aqui estou, sentindo as pedras ferirem meus pés,
Guardando no bolso, o coração,
Na boca, todas as palavras não ditas,
E na memória, o beijo não dado.
Procuro ao longe o amanhecer.
Tudo é noite agora
E eu só quero (te) me proteger.
De mim.





"Eu tava aqui na minha e você foi aparecer derramando estrelas sobre a minha solidão. Eu sei, eu não queria nem de longe conhecer alguém pra iludir de novo o meu coração.
Você não poderia surgir agora, você nem deveria me olhar assim. Alguma coisa diz que é pra eu ir embora, e outra diz que eu quero você pra mim."

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Ampulheta


Já que tá difícil, então vamos encarar um personagem.
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Ampulheta

E eu já posso sentir
O leve farfalhar das borboletas ensaiando voos no estômago
E também o frio que sobe pela barriga e encontra o coração aquecido
E a paixão que o peito comprime
O pensamento que o sentimento reprime
E a longa espera que o dia deprime.
E cada falta intensifica a tua ausência.
Como é possível querer algo que nunca se teve?
Faço-te meu todas as noites, quando em sonho me visitas.
Tua indiferença fazendo-me vítima de meus próprios devaneios.
Assumo o risco e pago pra ver. Desafio-te!
Enquanto espero, vejo horas se tornando dias,
Dias que duram semanas,
E semanas que mais parecem meses.
Frações de tempo que me separam de ti.
ANSIEDADE.



imagem do poema ampulheta - Thainá Rocha da Silva

"Suddenly you're here. Suddenly it starts. When two anxious hearts beat as one. Yesterday I was alone, today you walk beside me. Something still unclear, something not yet here has begun." ( Suddenly - Les Misérables)