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segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Escuridão

Bip... Bip...Bip...

Acordei com aquele barulhinho irritante na cabeça e uma ardência esquisita no braço. Abri os olhos e tudo estava escuro. Por que será que apaguei as luzes? E que barulho era aquele?
Tentei me mexer e a ardência aumentou. Aquilo era uma agulha? Forcei a mente pra tentar se lembrar do que tinha acontecido nas últimas horas, e como resposta, tive um borrão. Não havia nada do que se lembrar.

Então articulei algumas palavras, e o som foi praticamente inaudível. Meu Deus, será que estou morto? Tentei novamente e nada além do que um sussurro escapou de meus lábios. Ninguém me disse que morrer era tão doloroso. Minha cabeça latejava atrás de respostas, e meu braço ardia violentamente. Decidi então esperar o que aconteceria, já que eu não podia falar e nem me mexer, e aquela sensação estranha dentro de mim não ia embora.

Minutos – que na verdade pareceram horas – depois, alguém estava chamando meu nome. Abri novamente os olhos, e não vi ninguém, e então, a realidade me atingiu como um soco na cara: o acidente!

Comecei a me debater, desesperado, e mãos mais fortes me seguraram. Eu já não ouvia mais o que diziam. Meu braço ardeu mais ainda, e segundos depois, eu estava num estado letárgico. Acordado, porém imobilizado e lento. Com certeza, me deram um ‘sossega-leão’. Assustado demais para dormir, tentei me lembrar daquela noite... e nada. O que será que tinha acontecido?

Escutei uma voz conhecida me chamando. Era a minha mãe. Não consegui vê-la, mas senti seu toque em meu braço, e seu beijo em minha testa. Senti a lágrima que caiu sobre meu rosto, e se juntou a minha própria lágrima. Eu havia começado a chorar. Não precisei de palavras para entender a extensão de meu problema. Meus olhos, antes tão coloridos e cheios de vida, nunca mais voltariam a enxergar. Com palavras doces, ela tentou me dizer o que já não era mais segredo. Eu havia, no acidente, perdido a visão. Havia também quebrado algumas costelas e uma perna. Parece que um motorista, bêbado, cruzou a pista e veio de encontro ao meu carro, me arremessando pra longe. Minha mãe dizia que eu havia tido sorte. Sorte? Porra, estou cego!

Mergulhei num silêncio profundo, que era para combinar com a escuridão em que eu me encontrava. A visão, pra quem nasceu enxergando, é algo muito difícil de perder. Ninguém se imagina cego. Refleti, pelos longos dias que se arrastaram no hospital, sobre a minha vida a partir daquele dia. Um dependente completo. Será que não teria sido melhor perder a vida de uma vez, do que vê-la escapando de seus dedos lentamente? Raiva pulsava em minhas veias.

E o tão temido dia, chegou: eu estava de alta. Ir pra casa, e encarar o breu que seria a minha “vida normal” não me agradava nem um pouco. Mas a vida, meus caros, a vida tem esse quê de impressionante, que nos faz de tolos por achar que controlamos algo. A vida segue o seu rumo, sem perguntar o quê e nem pra quê. No momento em que pisei fora do hospital e senti o vento batendo em meus cabelos, no instante em que respirei aquele ar cheirando à primavera – e eu sei o quanto isso tudo é clichê – eu senti que deveria sim ter vivido. Que toda aquela raiva e angústia em meu peito (afinal, eu era um cara responsável, e estava sofrendo as consequências de um ato imbecil de um monstro que bebeu e dirigiu) iriam passar.

Resolvi levantar a cabeça e aceitar o que viesse, mesmo sabendo que o que viria, não seria fácil, e nem doce. Aceitar é a primeira forma de vencer, e eu, nasci pra ser um vencedor.

Segui em frente.


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"Everything that kills me makes me feel alive"

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Sábado de Aleluia.


(Quase) Baseado em {não} fatos sur ir reais.
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Eu o conheci num sábado de carnaval. Num daqueles raros momentos onde o mundo para de girar e tudo é silêncio quando você olha para a pessoa, e de repente encontra todas as respostas que procura.

Um sorriso escapou dos lábios e quando me dei conta já conversávamos há horas. Vidas talvez? O momento da separação foi de uma dor imensa para ambos. Sentíamos no peito e na boca a saudade que massacraria os próximos dias.

Tudo se tornou cor de rosa, com textura de algodão, e viver ficou muito mais gracioso com a presença constante das mensagens, dos mimos e dos beijos roubados em sonho, como se todo o meu eu o quisesse sempre por perto. Ele era um príncipe, e eu um pássaro acostumado a voar sozinho, mas dessa vez eu queria companhia.

Mas a vida sempre tem um jeito maluco de nos surpreender, e a bela manhã de verão se tornou uma densa e tenebrosa noite de inverno. Em um sábado ele não apareceu. No domingo, não retornou minhas chamadas. Na segunda-feira sumiu de vez, apagando os rastros de sua vida pregressa.

Dias e noites se somaram ao sumiço, e cada minuto de ausência era uma pá que cavava fundo o buraco que ele deixou em meu peito. E então veio a luz. Uma mensagem de que tudo estava bem e como antes, apesar do stress de uma vida agitada para ambos. Mas as promessas não passaram de palavras vazias declaradas ao vento e que passaram a chegar em conta-gotas.

E a cada minuto de ansiedade foi se transformando em agonia. Depois veio a indiferença. Este pássaro não se contenta com migalhas. Fagulhas de afeto não aquecem. Nosso caso durou a eternidade de 3 poemas. Então em um sábado decidi que era hora de voar. Aleluia!

Hey, príncipe, tô levando o seu cavalo branco. E as mãos, que antes acariciavam tua pele, seguirão com os dedos médios em riste, sinal de que continuei de pé mesmo depois do duro golpe final. Adeus.
Babaca.

Fonte: Google Imagens

"Relógio que atrasa não adianta, e o remédio que cura também pode matar. Como água demais mata a planta."

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Sobre gritos e silêncios

Era o dia mais triste da minha vida. Eu acabara de perdê-la. Acabara de receber a notícia, acabara de tocar a sua mão fria e estática. Morta. E então veio a dor. E com ela a sua caixa de Pandora repleta de tristezas, de agruras, de tormento e de vazios retumbantes. Colei minha testa no vidro da UTI, minha boca ao mundo, minhas mãos ao vento e soltei os pedaços do coração que batia e apanhava, na ânsia de sobreviver e morrer, ao mesmo tempo, como quem se debate debaixo d'água e tanto afunda quanto nada. E então veio o grito. Alto, pungente, agudo e imperfeito. Experimentei a agonia mais intensa, como se mil punhais flamejantes transpassassem o meu corpo e arrancassem de mim tudo o que sou e sei. E foi então que eu o vi. Calado, sentado num canto, envolto no silêncio denso feito névoa que ecoava de sua tristeza. Minha dor gritava, urrava, esmurrava e chutava tudo ao redor. Saía pelos poros, vazava da boca e dos olhos, transbordava o coração e a alma. Minha dor era trovão e a dele mudez. A dor dele era intangível, imensurável. Enquanto a minha explodia, a dele descia pela garganta, serpenteando entre o choro engolido e se instaurava lá dentro. Quieta, muda, latejante. Perigosa. Minha dor lutava para fugir, e a dele se escondia. Como um animal acuado, recostou-se de cabeça baixa e chorou. Chorou pra si, pra sua dor. Regou-a com suas lágrimas internas. Queria abraçá-lo, queria dizer a ele que tudo ficaria bem. Queria recolher as suas mãos entre as minhas e enchê-las de esperanças, mas o sentimento dele era isolado, era único, intocável. Imóvel, ele assistiu a minha dor correr. Correndo, eu mal vi a sua dor implodir. Enquanto a minha dor berrava para sair, esguichava e enchia o ar, a dele silenciava, crescia para dentro, implodia e estremecia, como se o magma incandescente voltasse para dentro da terra e ardesse em brasas até queimar tudo por dentro, para só então escorrer em lágrimas quentes pela face e formar o pequeno oceano negro de tristeza mútua que nos rodeava e nos separava. E assim passamos longos meses em busca de algo que jamais teríamos. Que nunca mais encontraríamos. Que nunca mais fomos.
Desculpe-me.



conto-homem-triste

"Água deve vir, diz a previsão. Vai nos alcançar sem qualquer rancor. Maré alta em mim. Água um dia brotará dos nós, em nós. Vai decantar. Lágrimas que fingem que não são mas são parte da enxurrada que virá, cheia de esquecer. Uma inundação por todo lugar porque se evitou. Maré alta enfim." (A Banda Mais Bonita da Cidade)

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Dona Célia

Conheci dona Célia no trabalho. Era diarista e ia dar uma geral na empresa de 15 em 15 dias. Eu já trabalhava lá quando entrou. Miúda, meio encurvada, como se estivesse se escondendo do mundo. Falava baixo, como um sussuro, com medo de incomodar as pessoas. Andava leve também, pra não atormentar ninguém. Creio que se pudesse, seria uma sombra, dessas que a gente nem percebe, opaca. Seria invisível se não fosse o seu grande esforço para ser invisível.
Eu gostava dela. Simplesmente gostava, sem motivos aparentes. Não falava muito com ninguém, era sempre muito calada, na verdade, mas me batia uma grande alegria no peito quando eu via dona Célia entrando com seus panos e seus pertences, e com sua bolsa barata de pano. Ela despertava em mim uma curiosidade de conhecê-la, de adentrar o seu mundinho restrito, de saber como são as coisas simples da vida. Eu sempre trabalhava muito, não tinha muito tempo pro mundo, exceto pra explorar o mundo de dona Célia.
Lembro-me da primeira vez em que falou comigo. Seus olhos baixos, sua postura meio enclinada, sua fala leve, quase um sussuro, me entregando R$5,00 pra eu comprar o seu almoço. Fiquei comovida. Tive certeza de que confiava em mim naquele momento, essa era a sua maneira de demonstrar. Tanto que fiquei meio sem jeito de falar que o dinheiro não era o suficiente. Acabei pagando do meu bolso. E com prazer.
Aos poucos foi se abrindo, se mostrando. Não mudou o jeito tímido de ser. A qualquer pedido acanhado de ajuda para remover uma máquina de lugar ou posicionar a escada em algum canto, sempre dizia: "Deus te abençoe!" E eu sentia mesmo que ele iria me abençoar. Descobri que morava numa casinha humilde num dos muitos bairros humildes do suburbio da cidade. Não tinha filhos. Vivia só, com o marido, igualmente acanhado e encurvado. Gostava de ver o especial do Roberto no fim de ano, e vivia escutando músicas dele e de outros bonitões do passado no seu microsystem, comprado em 6 prestações nas Casas Bahia. Comia pouco, bebia uma cervejinha no final do dia, ao lado do seu homem. Vivia pouco, assim quase superficialmente, mas no seu mundo, era muito. Vez ou outra fazia uma extravagância e levava umas fatias de queijo pra casa, pra comer com o pão com manteiga de todo dia. Ralava de sol a sol, limpando casas, escritórios, prédios e corações. Pra mim, sua maior qualidade não estava na coragem de encarar sozinha um andar inteiro pra limpar, fosse sábado, domingo e feriado, mas sim na pureza quase infantil com que olhava alguns olhos, purificando almas. Os meus olhos eram um par dos poucos privilegiados por sua escolha. Não há como negar que era uma guerreira, em ambos os mundos.
Acho impressionante como as pessoas conseguem mudar a vida das outras assim, mesmo sem querer. Basta um cruzar de olhares, ou um roçar de mãos. Não precisa muito para se tornar especial. Às vezes uma conversa significa mais do que anos de convivência. Impressionante como Dona Célia mudou minha vida e eu nem mesmo sei dizer o porque de tamanha admiração que sinto. Só sei que hoje, mesmo tempos depois de tudo, ainda guardo um carinho enorme por ela no peito e tenho a certeza de ouvi-la dizer a todo momento: "Deus te abençoe"... ao que intimamente, respondo "a ti também..."


"Sou uma gota d'água, sou um grão de areia"

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Opaco

Ia postar uma crônica antiga aqui, mas também queria falar sobre o homem opaco. Acabei escolhendo ele xDD

Ele caminhava pesado sobre a calçada, como se os ombros lhe encurvasse para o chão. Não levantava a cabeça, não olhava pra frente. Mirava um ponto qualquer da calçada e ia seguindo sua linha. Não ousava, nunca, nem ao caminhar, não saía da linha imaginária que ele tinha traçado. Eu o segui, pela outra calçada, queria saber onde ia aquele homem murcho. Era assim que o via, como uma flor que murchou com o tempo. Garanto a você que ele até possuia esse aspecto meio marrom acinzentado que as flores possuem quando estão murchas. Ele era opaco. Cruzou a avenida e pela primeira vez em 30 minutos de caminhada eu pude ver seu rosto: era algo inexpressivo, simples como um pedaço de madeira que você chuta na rua. Mas seus olhos... seus olhos mostravam algo que eu nunca antes tinha sentido. Era tristeza, amargura, humildade, não sei definir... era como se ele fosse inferior, porque era exatamente assim que ele se sentia, e não queria ser diferente. Como se tivesse se acostumado a ser menos que os outros. Ele era contido. Quando viu que eu o olhava, vacilou o olhar, deixou ele cair, e eu, deixei morrer o sorriso que nascia nos meus lábios. Percebi que ele ficou confuso depois disso. Eu acabara de atormentar o seu mundinho, tão limitado e previsível. Atravessou a avenida e rumou para a catraia, eu o segui, fielmente, em silêncio. Na embarcação ele não falou com ninguém, apenas ficou olhando pro mar podre e com cheiro de soja por onde nossa catraia passava. Nem as baratinhas da parede lhe tiravam a determinação de ser invisível. Estávamos parados há 10 minutos, navios em manobra stressam qualquer ser humano comum. É chato ficar parado no meio do mar, esperando um monstro de milhões de quilos se mover muito lentamente. Eu estava na catraia. Eu e o homem. E ele era nulo. Fiquei a olha-lo, imaginando o que havia debaixo de sua pele fraca, que sentimentos escondia Percebi um leve estremecer de seu lábio inferior. Vi uma agitação que se formava e vi ainda os muitos anos de opacidade se juntando e explodindo. Ele se levantou e pulou de cabeça no mar, diante do navio em manobra. Tentamos gritar pra ele, mas já era tarde demais, ele foi preciso no salto. E o que vimos depois disso foram os vários pedaços do homem desbotado colorir o mar.


" Hmm, ela se jogou da janela do 5º andar, nada é fácil de entender..."



sábado, 21 de novembro de 2009

Olhar perdido

Pra quem acompanha o outro blog tb (http://whygodwhyyy.blogspot.com), que começou pra ser um local onde eu postaria coisas bizarras que encontramos na net, e agora é um local pra fomentar a opinião da galera sobre diversos temas, em cima da minha opinião sobre algo, concordando ou discordando, já viu mais ou menos um pouquinho do assunto que vou abordar aqui hoje. Esse post tb será diferente, não será poema. Tenho estado intensamente em contato com esse sentimento de necessidade de escrever algo sobre pessoas de rua, desde o ocorrido com o menininho do brigadeiro, que aliás, volto a dizer, não era um garoto de rua. Então, eis meu texto. Sei que ele é algo que não tem o poder de ajudar a acabar com a miséria no país, mas quem sabe seja algo que mobilize você, que está lendo a fazer algo por quem precisa.

Olhar perdido

  Ando pelas ruas do centro velho da cidade, olhando os transeuntes. Vidas opacas que caminham pela calçada, que pulam os bêbados jogados no chão, que ignoram o fedor do canal que se mistura ao cheiro da cachaça, do esgoto, do corpo suado e sujo que se estende sobre o chão, com a barba por fazer onde se aninham pedaços de pão, migalhas de algum alimento doado. Percebo que eles mal se percebem pular o homem, é um gesto automatico, repetido diariamente. Fina arte de ignorar. Vacilo meu olhar para o outro lado. Dezenas de pessoas que vem e vão na avenida larga, com o coração estreito. Anoto mentalmente durante dias, detalhes de rostos, que maltrapilhos beiram meu caminho do trabalho até a faculdade, e percebo que são os mesmos. Ali funciona uma comunidade abandonada, bem no centro esquecido da cidade.
  Percebi que todo dia, o mesmo menino, que não creio ser mais velho do que eu, fica sentado na beira do canal em frente à arvore de galhos retorcidos, pedindo comida e cigarro. Quantas e quantas vezes ele já não pediu minha bolacha/misto/hot dog/suco??? Percebi que todos os dias, a mesma mulher senta na beira do canal, chorando, e que todo dia, uma outra mulher vem e tenta consolá-la. Vi que todos os dias dois homens brigam, e que essa mulher chora justamente porque um desses homens é o seu homem. Percebi que todos os dias, uma mulher bêbada faz coreografias estranhas num bar, e os homens ficam tirando sarro, e ela nem liga. Percebi que há muito mais por trás do que a gente vê. Quando olhamos pessoas de rua, vemos apenas a parte externa, vemos a sujeira, vemos roupas rasgadas, partes por depilar, pés para serem lavados e calçados, vemos apenas a capa, e esquecemos que são pessoas como nós. Que sentem sono, fome, angústia, medo, desejo, alegria, mal-estar, sede, raiva. Que, assim como nós, tem direito a moradia, alimentação, amor, carinho, saúde. Tudo bem que muitos acabam vivendo na rua por escolha própria, mas não nos cabe julgar isso, são seres humanos comuns, que precisam de ajuda para sobreviver. Sofrem todo tipo de violência, recebem todo tipo de desrespeito e desprezo, só porque não cheiram bem. Dane-se o cheiro ou a aparência, ali está alguém de carne e osso, que sonha, anseia, espera, faz. O centro velho de Santos pode ser muito mais deprimente do que já  é se olhado de perto. Há uma mistura de miséria e descuido. Como se fosse algo esquecido no tempo, algo que ninguém liga, dá mesmo essa sensação de abandono. Nunca gostei da cidade, sempre achei meio triste aquela parte, não gosto de ir por ali. Não que só existam pessoas de rua nessa parte do mundo, infelizmente há em todo canto, mas esse lugar, em específico tem o dom de me deixar triste. Talvez por passar ali todos os dias e sentir a dor de todos eles, dentro de mim. Talvez por ver todo dia a mesma cena e não ter mais esperanças de que ela mude. Talvez por sentir vontade de gritar socorro por eles. Não, não tô tentando me promover e dizer que eu sou foda e que, eu penso no próximo e vou me candidatar à presidência. Na verdade, é bem longe disso. Escrevo por sentir o peso da impotência nos meus ombros. Por sentir um nó na minha garganta ao caminhar por ali e ver vidas se acabando sem perspectiva. Por sentir nas mãos uma energia que quer mudar isso, mas sozinha é quase impossível. Recrutar pessoas para fazer algo, sim. Não dá pra continuar nesse conformismo da sociedade. Não dá pra conviver com esse peso no coração, que me afunda toda vez que olho pelas ruas e vejo olhares perdidos, encontrando os meus.


"Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais"


Ainda

terça-feira, 30 de junho de 2009

It´s not a dream!!!!

Dê play e feche os olhos... sinta a melodia invadir teu coração... sinta a voz dos anjos penetrar tua alma. Corra pelos campos irlandeses, sentindo a liberdade...
Há, nesse vídeo, a emoção de fãs que cantam para seus ídolos. Há um casal (casal divez, bjs) que expressa por meio da sua música o amor por alguém que tem agitado nossas vidas ultimamente. Homenagem mais que merecida à Sharon Corr, que tem sido tão solícita com os fãs, espalhando sua divez pelo mundo. Ana e Rafa, nossos Corrs brasileiros, maravilhosos como sempre, cantam It´s not a dream, nova música da Sharon, que com certeza será sucesso. Dá pra sentir a emoção deles cantando... é de arrepiar, chorei a primeira que vi, e me emocionei novamente as outras 4654564564654654 (é viciaaaaaaaaaaaaante). Dá vontade de esmagar (de um jeito carinhoso ahahauahauhaa) os dois, tamanha fofura!!! Fico até meio sem palavras pra descrever, é mágico, é divino, é divo demais! Sou suspeita a falar deles, pois são pra mim uns dos melhores do mundo, mas creio que depois de ver esse vídeo, você que está aí lendo e não conhece a banda, também vai achar.
O vídeo como um todo, é perfeito, mas preciso fazer uma ressalva:
ADOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOORO no final, quando eles se olham com aquele jeito tão divo TTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTT
Só pra deixar registrado que são esse encanto também pessoalmente, um casal boníssimo que tenho muita honra em conhecer.

Mais informações sobre a banda Dundalk (a qual os dois fazem parte) na comunidade no Orkut:
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=35759247

E no Youtube:
http://br.youtube.com/profile_favorites?user=rafacelt

E no Twitter:
http://twitter.com/dundalk_band

E baixem o EP, vale muito a pena!
http://bandadundalk.4shared.com/

PS: A Ana eh a gêmea perdida da Sharon, bjs
PS: Esse post não está à altura deles, mas é de coração!

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Felicidade


Sabe quando tudo faz sentido? Quando todas as voltas do mundo realmente te levam a algum lugar? Quando você olha pro lado, seus olhos lacrimejam, sua mão treme, vc a sente suar, e vc pensa: uau! Nada no mundo seria capaz de descrever ou tentar entender o que é. Apenas você. Apenas o seu coração. Uma tarde que dura pra sempre. Um toque inesquecível. Uma palavra que perdurará para sempre. Um abraço que será eterno. Uma lágrima que marcará o momento, temperando com emoção a vida, que efêmera, diminui seu ritimo e passa em slow motion, para que o cérebro processe cada informação, fazendo do momento um quadro eternizado. Esse dia, essas pessoas, esses momentos estarão para sempre em minha memória... foi, sem sombra de dúvidas, o melhor dia do ano (igualando aos dois lançamentos). Não consigo por em palavras o que representam pra mim. Não há, no léxico mundial, algo que consiga traduzir a explosão de sentimento que acontece em meu peito, quando estão presentes. É carinho, é amor, é irmandade. Mesmo. Real. De verdade. Sou muito grata ao meu bom Deus, por ter me dado a honra de conhecer e fazer parte dessa enorme e feliz família. Eu amo vocês. Todos. Os da foto e os que não puderam comparecer. Pra sempre.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Diva

Bom, venho aqui transbordando ternura no coração e com os olhos marejantes. Venho falar de alguém. Alguém que me traz paz saber existir. Alguém em quem me espelho, me "norteio", me guio... É tão fácil falar dela porque ela é tão tudo de bom *-*. Dá uma sensação boa dentro da gente, saka? Alguém com uma sensibilidade tão grande, tão intensa, que escreve de maneira tão profunda e tão chocante, que emociona a todos. É linda a mulher de fibra, guerreira, batalhadora, lutadora, gladiadora, forte, determinada, ousada, fofa, carinhosa, mãezona, sensacional, espetacular, esplendorosa de quem falo. Ter esta Flor no meu jardim torna especial viver. Ela é a brisa do mar que acarinha os cabelos nas tardes de primavera. E é alguém com tanta divez que tenho certeza ficar iluminado o local por onde ela passa. É como se sóis brilhassem ao redor dela, e seus raios quentinhos permanecessem mesmo quando ela não está presente. Ela é amor, é dedicação, é devoção, é essência. Estarei sempre ao lado dela, mesmo que as estradas da vida teimem em rumar em caminhos distintos. Sei que sempre existirão lançamentos pra gente se rever, e sei que cruzando o céu, numa ponte multicor, há o sentimento que nos une, e ele é inatingível. Deixo agora uma música de uma banda com o nível de divez igual ao dela. Rosa, é pra você!

At Your Side - The Corrs

When the daylight's gone
And you're on your own
And you need a friend
Just to be aroundI will comfort you
I will take your hand
And I'll pull you through
I will understand
And you know that...
I'll be at your side
There's no need to worry
Together we'll survive
Through the haste and hurry
I'll be at your side
When you feel like you're alone
Or you've nowhere to turn
I'll be at your side
If life's standing still
And your soul's confused
And you cannot find
What road to choose
When you make mistakes (make mistakes)
You won't let me down (let me down)
I will still believe (still believe)
I won't turn around
And you know that...
I'll be at your side
There's no need to worry
Together we'll survive
Through the haste and hurry
I'll be at your side
If you feel like you're alone (feel like you...)
And you've nowhere to turn(Side...)
I'll be at your side(I'll be, I'll be at your side
)I'll be at your side(I'll be, I'll be at your side)
(I'll be at your side)
I'll be at your side
There's no need to worry
Together we'll survive
Through the haste and hurry
I'll be at your side
If you feel like you're alone (feel like you...)
You've got someone to go (somewhere to go...)
'Cos I'm at your side

terça-feira, 28 de abril de 2009

Tarde de sábado.

Foi tudo tão rápido que nem pude acreditar, ou me precaver, quando me dei conta, já estava embevecida. Não é segredo pra ninguém que sou mais dada aos versos, mas tentarei a prosa para explicar o que aconteceu naquela tarde de sábado. Estava à toa no ônibus (seeeeeeeempre ele me rendendo crônicas), vagando a mente bem longe (férias em minas, mais precisamente), indo pra casa, aquele calor úmido que só nosso litoral nos proporciona, recostada no banco, vendo a avenida correr pela janela, "pegando" molemente alguns fragmentos de conversas que entravam e saíam pelos ouvidos, oriundos das pessoas do ônibus, quando ouço ao longe uma vozinha, infantil, mínima, a cantar: "como Zaqueeeeeeeeeeeu, quero subiiiiiiiiiiiiiiiiiir, o mais alllllllllto, que eu pudeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeer". Aos poucos, notei que as pessoas estavam fazendo silêncio também. Todos concentrados no pequeno anjo de cachos que cantava timidamente no primeiro banco. Não devia ter mais do que 5 anos, e muitos cachos lhe caíam sobre o rosto, rosto este, com olhar maroto de menina esperta, anjinho a brilhar na Terra. Ganhando voz na mudez alheia, ela agora já gritava a plenos pulmões, a letra de tal canção gospel. Pude notar, embora embebida na voz do anjo, que as pessoas acompanhavam com risos nos lábios, risos de satisfação, e lágrimas nos olhos. Notava-se que a satifação escapava-nos ao olhar, sublimavamos, como o anjo de vozinha afinada, que a esta altura já berrava a letra do cântico. Pude notar ainda que o pai da menina a acompanhava com uma imensa ternura, e que a menina não cantava para nenhum de nós, cantava olhando pra frente, pro vidro do motorista, balançando seu corpinho pra direita e pra esquerda, ensaiando mudas palmas, com as mãozinhas. Deixei a mansidão daquela voz adentrar meu coração, deixei a luz das palavras possuírem meu espírito, repousei meu ser em Deus, onde tenho certeza, estavam todos os presentes naquele ônibus. Desci no mesmo ponto da menina cantora, e enquanto ela passava pelo corredor, rumo à porta, ouvi as pessoas comentarem: mas que linda! Que anjo! Deus conserve este dom! Deus abençoe! A menina continuava com o mesmo olhar maroto, de menina sapeca, esperta, inteligente, viva, e todos nós, transeuntes no caminho da vida, íamos embora pra casa, cheios da graça divina, transmitida pela voz do anjo. Pode parecer um tanto quanto exagerada esta crônica, mas 15 dias se passaram, e este ocorrido povoa minha mente, como se tivesse acontecido hoje, e só me sinto em paz agora, porque escrevi uma crônica prum anjo cantor, que numa tarde comum de sábado trouxe paz ao meu coração.