segunda-feira, 14 de março de 2011

Sentia

Feliz 14 de março. Dia da poesia.



Há em mim aquela urgência do mundo
Aquele "tenho que fazer agora"
Aquela ânsia impulsiva que me impede de calar.
Mas há também aquela calma impaciente
Aquela dor e leveza de ser silêncio
De ser nula, de ser neutra, de não me ser
Porque eu sou muitas, sem ser nenhuma
Sou exatamente eu, com os meus sentimentos
Empresto-me, dispo-me de mim e sou outra
Sou alguém que eu sei, ou sou ninguém que eu saiba
Enrolo-me, desenrolo, desenvolvo e me perco
Eu escrevo, transcorro linhas, corro palavras
Cruzo pernas, colo corações, recolho lágrimas
Eu sou o que eu sinto, sentirei e sentia
Eu sou verso e prosa, sou a própria poesia



"O poeta é um fingidor. Finge tão completamente, que chega a fingir ser dor, a dor que deveras sente."

sexta-feira, 11 de março de 2011

Lágrimas

E  hoje eu vou chorar até meu peito abrir
Até sair a última gota de mágoa
Até a raiva, líquida, escorrer pelo chão.
Porque hoje eu vou deixar a dor me rasgar
Me dilacerar, me cortar, me ferir
Vou externar o meu cenário interno
Minhas nuvens, chuvas e infernos
Vou pintar de preto o meu chão
Lavar, com a minha água negra.
Sorrisos já não nascem, felicidade já não brota
E a minha armadura de metal já criou ferrugem.
Hoje eu vou me incendiar das minhas chamas santas
Que ardem em meu peito há tempos
Vou extravasar os meus demônios, matar os meus duendes
Pois tal e qual fênix que renasce das cinzas
Eu hei de me reerguer, com minha alma sacrossanta
Livre, limpa e renovada
Como o céu em arco-íris, sorriso multicor
Depois da mais tempestuosa e tenebrosa tragédia.


"Amanhã é outro dia... não é?"