O véu da morte cobria o prédio
Descascado, sujo e baço
Que contemplo para aliviar o tédio
Desacelerando meu largo passo.
O véu cinza da morte o encobria
Como embalado por uma nuvem estranha
E dentro dele tudo também morria
Definhando por força tamanha.
O véu, o lúgubre véu da morte
Composto de tecido, tempo e pó
Recai sobre o prédio sem sorte
Onde meu passo ecoa só.
O véu da morte, o tênue véu
Encerra os escombros no chão
Esqueleto desmoronado ao léu
Que jaz invisível na multidão.
O véu da morte, véu nefasto
Que isola do mundo, o prédio
Que esmaece enquanto me afasto
E me joga de volta ao tédio.
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"E quando os antidepressivos e os calmantes não fazem mais efeito, Clarisse sabe que a loucura está presente. E sente a essência estranha do que é a morte, mas esse vazio ela conhece muito bem."